quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O que faz nascer um novo amor?

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Outro dia me peguei refletindo sobre isso. Afinidades, química, empatia? Tudo faz parte de um complexo sistema de identificação emocional que mexe com o sistema nervoso daqueles envolvidos. Mas para que isso aconteça, o que é preciso? O que deve ser fundamental para que os indivíduos estejam prontos para captar essas freqüências?
Tudo começa no que prefiro chamar, Hz(hertz) do coração. Ouço por ai que a melhor forma de se esquecer uma paixão é se envolvendo com outra. Ora, isso parece me soar como uma forma de fuga. Uma tentativa desesperada de despejar do coração um inquilino indesejado e ceder a vaga a outro. Mas tal como se acontecesse num imóvel, ao fazer isso, corre-se o risco de o lugar ainda conter todos os pertences do antigo hóspede. Suas fotografias, seu cheiro, seus pertences. Ou seja, por mais que se tente estabelecer uma outra pessoa, tudo ali fará lembrar uma cara, um rosto, que foi retirado a força.
Ao contrário é quando o atual habitante do coração recebe a notificação do fim do contrato e por si só vai embora. Tudo bem, eu sei, leva um tempo, mas ao menos a casa fica vazia. O coração fica limpo e pronto para receber o novo inquilino, com suas coisas, e seu próprio estilo e jeito de ser. Nada ali pertence ao antigo amor. O que fica são as lembranças guardadas no baú da memória. O que, por sinal, é algo muito positivo. Se há lembranças é porque houve um passado. Se houve passado, é porque se tem vivido, se está vivendo, e há um futuro a ser construído. Pois bem, quando o imóvel do coração é desocupado, ai sim, ele está pronto para receber novo hóspede. E por falar nisso, também estou cansado de ouvir pessoas que vivem a dizer que preferem a solidão ou uma hipotética liberdade. Ora, “é impossível ser feliz sozinho... felicidade solitária é uma ilusão...a nossa felicidade se concretiza no outro” Já diz o sapientíssimo filósofo Mário Sérgio Cortella.
Acontece que no final, buscamos todos sempre a mesma coisa. Essa tal Felicidade. Felicidade que do latim, felix , quer dizer fértil, é portanto, a capacidade de fertilizar, no ser em si, espiritual e emocionalmente. Hora, tal como a terra para a agricultura, há tempos de fertilização, portanto, a felicidade não é plena, perpétua. Só somos capazes de notar a felicidade porque ela não é contínua, por isso a valorizamos tanto. Por isso, buscar um Ser ideal no outro em tempos de uma sociedade imediatista, é uma precipitação, uma ansiedade prematura. Encontrar alguém que seja capaz de proporcionar muitos momentos e porções de felicidade é mais complexo do que um processo de recrutamento e seleção. Não se pode comparar isso a um carrinho de supermercado, onde você escolhe o melhor produto. Como disse antes, é preciso sintonizar a freqüência do coração. É um processo que vai além da razão. Esse tipo de felicidade é sentido quando o sistema nervoso é afetado de tal maneira que há sintomas similares aos de uma doença. É o que se pode chamar de vírus da paixão. Causa calafrios, espasmos, palpitações, aumento na descarga de adrenalina. Um sorriso em particular faz o cérebro liberar endorfina, te faz se pegar a toa, suspirando, sonhando acordado. “Transforma o homem comum num poeta” (Parafraseando Platão). Um novo rosto vai como fotografia à parede do coração, até então vazio, desabitado.
Portanto, não adianta sair por ai, tal como um matemático, um físico elaborando uma teoria, na expectativa de que através de tentativas sucessivas consiga, por fim, chegar à resolução do problema, solucionar a equação. Encontrar um novo amor é menos lógico e racional. É como uma doença, um vírus, que chega sem avisar. Mas há táticas para atraí-lo. Se quiser ser contaminado, baixe a guarde, baixe sua imunidade. Sintonize a freqüência do coração, mas certifique-se de que aquele imóvel está vago para fazer dali o lar de um novo hóspede, pois caso não esteja, poderá acabar se frustrando e magoando alguém que poderia te contaminar com o sabor doce e ávido de uma nova paixão. ( Carlos Henrique)

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